Papo de escritor

Papo de escritor

junho 11, 2016

No mês de junho e julho, todos os finais de semana postarei dois bate papo com escritores aqui no blog. Hoje vamos começar com à escritora Sarah Vervloet.

Sarah Vervloet nasceu em Vila Velha (Espirito Santo).Formada em Letras pela UFES, onde também fez Mestrado em Letras (Estudos Literários). Publicou dois livros de contos: “Contos e Microcontos” (2013) e “A Superfície do Mundo” (2016). Escreve crônicas quinzenalmente às terças-feiras no jornal A Gazeta.



1. Houve um momento em que você percebeu que seu destino era ser escritora?
Na verdade, nem sei se meu destino é esse, mas percebi que poderia publicar um livro quando ganhei meu primeiro concurso de literatura. Antes, tudo era uma forma de desabafar por meio da escrita e criar um pouco um mundo só para mim.


2. Há alguma atividade cotidiana que pode ter levado você a querer contar histórias? Qual/quais?
Acredito que não haja uma relação direta entre o que eu fazia e o que causou certa vontade de escrever. Cada escritor tem uma maneira única de olhar para as coisas do mundo e estamos falando de um ser individual, cujas atividades cotidianas ou extraordinárias da vida variam conforme variam entre quaisquer indivíduos. Então, como qualquer menina na idade em que comecei a escrever meus cadernos, eu buscava meus interesses de adolescente, como sair com os amigos, ter experiências novas e compreender certas angústias que a idade traz. Hoje, não mudou muito (risos).


3. Como surgem ideias para escrever um livro?
Não há um momento em que as ideias surgem melhor ou pior, mais claras ou não. As ideias que ativam um texto podem aparecer ao longo de um dia cheio de trabalho, em um momento ocioso ou a partir de um acontecimento marcante. O que importa, na verdade, é que se tenha intenção de produzir textos. Como eu a tenho, carrego sempre comigo um caderno e uma caneta ou até o celular com bloco de notas e gravador. Não é bem "esperar" pela inspiração, porque isso também pode não existir, mas sim estar disposta a verbalizar algo que surge na mente de maneira repentina. A inspiração a gente provoca a qualquer momento, basta lutar contra alguns domínios que nos impedem, como os bloqueios e os medos, a preguiça e o cansaço.


4. No começo da sua carreira de escritor, que tipo de escrita/ livro te influenciou? E agora?
Li vários livros quando era mais nova, mas não sei se algum foi mais relevante que outro para contribuir para isso. É complicado determinar. No entanto, sei que meus primeiros contatos com a leitura foram de livros do meu pai, que gosta de temas voltadas para o misticismo e a História. Ele não curte literatura. Então, eu lia algumas coisas dele e transformava certas imagens que guardava em literatura. Agora, ainda tenho alguns livros daquela época, mas como tenho minha própria biblioteca, leio mais literatura brasileira e sou fã da literatura fantástica. Ultimamente tenho me dedicado bastante a poemas.


5. Que dicas daria para quem está começando a escrever um livro?
Escrever um livro exige esforço porque não basta apenas transcrever o que está em mente para o papel. É muito além disso: necessita-se paciência para ler o que foi escrito, escrever mais e, principalmente, reescrever. Assim como a releitura (ler duas vezes o mesmo livro ou texto) nos torna mais fortes intelectualmente, a reescrita promove uma autocrítica e faz com que o texto seja lapidado, estruturado, ou seja, chega perto do que o escritor quer entender como perfeição.


6. Quais são os seus autores favoritos?
Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Julio Cortázar, Miguel Marvilla, Sérgio Blank, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, J.R.R. Tolkien, Ana Cristina César, Fernando Tatagiba, Bernadette Lyra, Tolstói, Franz Kafka, João Cabral de Melo Neto, José Saramago, Raduan Nassar, Machado de Assis, etc.


7. Quanto tempo demora para escrever um livro?
Não sei. Tenho um romance inacabado que completa 4 anos. O escritor Kakfa escreveu um romance em uma noite (O castelo). Como saber?


8. Qual o livro mais marcante que já leu até hoje?
A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector.


9. Quais são os seus planos? Próximo projeto?
Continuo escrevendo. Uma hora sai um livro...


10. Gostaria de dizer algo para os leitores do blog?
Pode parecer que exista um abismo enorme entre você um livro: preguiça, cansaço, dificuldades diversas. Mas é preciso lutar para ler e ler até o final. Ler por prazer significa se acomodar diante daquilo que você conhece muito bem. A leitura existe para nos desafiar e, por isso, pouco a pouco, devemos avançá-la, ir além. Quando você lê um livro que te faz olhar o infinito, percebe que, mesmo que não seja fácil, ler é incrível.






E-book completo de A superfície do mundo.
https://chadechama.wordpress.com/2016/06/08/e-book-completo-de-a-superficie-do-mundo/

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