Livro: A hora da estrela
Escritora: Clarice Lispector
Páginas: 87

Sinopse

livro retrata uma história de uma nordestina que se chama Macabéa, uma mulher virgem, inocente e muito ignorante. Que depois de perder sua tia, sua única parente, resolve viajar para o Rio. Aluga um quarto que divide com mais quatro moças, arruma um emprego como datilógrafa e gasta seu tempo ouvindo a Rádio Relógio. Conhece um metalúrgico paraibano que se chama Olímpio de Jesus e logo se apaixona, mas logo ele é atraído pela sua colega de trabalho. Desiludida, Macabéa consulta uma cartomante, que foi indicada por sua amiga Glória, que lhe dá uma previsão de futuro bem otimista, bem diferente de tudo que ela tinha vivido nos últimos anos.

Resenha

A hora da estrela é um livro pequeno com apenas 87 páginas. A história é narrada por Rodrigo S.M, que às vezes se identifica com a própria Macabéa, que foi criado pela própria escritora, mas nem assim ela consegue se esconder. Um romance sobre o desamparo, escrito entre a realidade e o delírio. Ela inicia se apresentando como autora da história, com uma apresentação metalinguística, o livro falando sobre o próprio livro.

Macabéa deixa sua cidade após perder sua tia, muda-se para o Rio de Janeiro, onde vai morar com quatro moças balconistas das Lojas Americanas, em uma pensão, em uma situação não muito boa. Na cidade começou a trabalhar como datilógrafa, sempre muito orgulhosa com o emprego. Gastava suas horas do dia ouvindo a rádio relógio, ficava esperando seu salário para ir ao cinema e tomar Coca-Cola. Colecionava informações que não se passavam de textos inúteis, como se fossem ensinamentos para seu futuro, era tão boba e frágil que acreditava em tudo que falavam, como se fossem verdades absolutas, mas, na verdade, não entendia nada que ouvia.
Macabéa, conheceu um rapaz que se chamava Olímpico de Jesus, um metalúrgico que também era nordestino, logo se apaixona mesmo sendo tratada com desgosto. O rapaz era bruto e se achava superior a ela. Olímpio via Macabéa como um subproduto, mas quando viu Glória, sua colega, logo se interessou (como ela tinha mãe, pai, comida quente em hora certa e por ser “carioca da gema”) torná-la um material de primeira qualidade. E quando soube que o pai dela era açougueiro ficou ainda mais fisgado por ela.
No momento que Macabéa vê Glória e Olímpico se beijarem, a pouca alegria da nordestina vai-se embora, pouco tempo depois descobre que sofre de tuberculose, mas isso fica só para ela.
Desesperada por compreender melhor a si mesma e seu futuro, Macabéa vai atrás da cartomante indicada por sua colega que roubou seu “namorado”. A cartomante a faz acreditar que terá um destino bem melhor que ela havia imaginado. Saiu da casa da cartomante aos tropeços, com seus olhos ofuscados com o seu futuro. Todo esse destino ou futuro impressionante que termina ao atravessar a rua.
A hora da estrela, a mais surpreendente obra de Clarice Lispector, mesmo criando um narrador, algumas de suas características ficaram evidentes. Faz-nos refletir sobre os sonhos, o desamparo, sobre a solidão, enfim, refletimos sobre a vida.
Esse livro nos chama cada vez mais a mergulhar na história da menina nordestina, o leitor é raptado pela leitura.



Melhores trechos:

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever."

"Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?"

"É que "quem sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto."


"Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura - fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir."

"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Embora não aguente bem ouvir um assovio no escuro, e passos."

"(...) Ela acreditava em anjo, e porque acreditava, eles existiam."

"É melhor eu não falar em felicidade ou infelicidade – provoca aquela saudade demasiada e lilás, aquele perfume de violeta, as águas geladas da maré mansa em espumas pela areia. Eu não quero provocar porque dói."