Hoje o papo de escritor é com Marília Carreiro

Marília Carreiro é formada em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo. Tem dois livros publicados. AmorS e outros contos, vencedor do edital 023/2012 da Secretaria do Estado do Espírito Santo, e Opala Negra, publicado em 2013 pela Editora Pedregulho.

1. Qual o livro mais marcante que já leu até hoje?

A hora da Estrela, de Clarice Lispector. Já li quase dez vezes e toda vez pego algo diferente do livro (ou, em outras palavras, levo um soco na boca do estômago).

2. Houve um momento em que você percebeu que seu destino era ser escritor?

Não. Aconteceu naturalmente. Quando muito pequena (sete anos), escrevi numa folha na escola que queria ser escritora, enquanto meus amigos queriam ser médicos, enfermeiros, engenheiros. Depois de um tempo, voltei meu olhar para os livros e para a leitura, comecei a ler e a escrita veio junto com esse exercício. Desde então, não parei.

3. Há alguma atividade cotidiana que pode ter levado você a querer contar histórias? Qual/quais?

A leitura, talvez, é uma das grandes influenciadoras dessa trajetória de escrever histórias.

4. Como surgem ideias para escrever um livro?

Difícil essa. A história pode surgir na fila do banco, num ponto de ônibus, no sofá de casa. Elas simplesmente vêm. O que preciso fazer, para não perdê-las, é anotar tudo rapidamente em algum lugar - sempre utilizo o celular para isso. Ainda bem que existem os blocos de notas! Não tenho nenhum ritual específico para escrever, mas tenho um ritual para guardar as ideias. Se não o faço, perco.

5. No começo da sua carreira de escritor, que tipo de escrita/ livro te influenciou? E agora?

No início, os livros de Clarice Lispector foram os grandes influenciadores. Sempre tive muita vontade de conhecer escritores nacionais, e posso dizer que grande parte do que li até hoje é de autor brasileiro. Ultimamente tenho lido muitos autores capixabas, por conta do trabalho na editora Pedregulho.

6. Que dicas daria para quem está começando a escrever um livro?

Organize suas ideias e escreva. Quando você achar que o livro está pronto, aí é hora de pensar as questões gráficas e também de revisão. Às vezes queremos que a primeira versão do que escrevemos seja a definitiva, mas geralmente não é. É melhor deixar o livro "dormir" por um tempo e depois reler tudo, com muita calma. Você poderá eliminar coisas antes mesmo da pessoa que revisará seu livro. Escrever é um trabalho lento.

7. Quais são os seus autores favoritos?

Hilda Hilst. Clarice Lispector. Cecília Meireles. Simone de Beauvoir. Carolina Maria de Jesus. Virginia Wolf. João Cabral de Melo Neto. Murilo Mendes. Gabriel García Márquez. Rubem Fonseca. Fiódor Dostoievski. Franz Kafka. Jorge Luis Borges. Machado de Assis.

8. Quanto tempo demora para escrever um livro?


Depende. Escrevi um com três meses, outro com quatro meses. E tem outro que já está na cabeça para produzir há tempos e um já escrito, dormindo, há dois anos, aproximadamente.

9. Quais são os seus planos? Próximo projeto?

Terminar um desses projetos ali de cima logo, para publicar em papel.

10. Gostaria de dizer algo para os leitores do blog?

É fato que moramos em um país com um índice baixíssimo de livros/ano. Em 2008, a média de leitura era de 4,7 livros por brasileiro. Em 2015, o número caiu para 1,7. Mas, mesmo assim,os livros não são deixados de lado. Editoras continuam publicando e, além disso, estão aparecendo no mercado editoras independentes publicando livros bacanas de autores que merecem ser lidos. Hoje, meu conselho é: se você está lendo algum livro, escolha um autor que nunca tenha ouvido falar antes para ler depois que acabar essa leitura. Vá pelo gênero que quiser, mas escolha um autor novo, recém-publicado, com dois, três, quatro livros. Se você não está lendo nada, faça o mesmo. Escolha alguém desconhecido. Comece a ler. Descubra o desconhecido. A literatura tem se transformado e saído dos "moldes". E cada vez fica mais interessante. Livros são universos.




Site da Marília
www.mariliacarreiro.com