Papo de escritor

Papo de escritor

junho 26, 2016

Hoje o papo de escritor é com a Priscila Reis Andrade



Priscila Reis Andrade nasceu em 91, é baiana, escritora, formada
em design de produto pela Universidade Vila Velha, no Espírito Santo, e estudante de arquitetura na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.♥
Ela escreve ficção desde os 15 anos de idade e aos 18 anos iniciou os romances de drama familiar Encontrando Perdão e Dívida Eterna.
​Em outubro de 2012 ganhou o concurso da Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo, "Incentivo à edição e difusão de obras literárias inéditas de autores residentes no Espírito Santo", na categoria romance - autor estreante com seu livro Viajantes do Tempo , uma aventura para adolescentes cristãos.

1. Qual o livro mais marcante que já leu até hoje?

A Bíblia. Quando eu a li inteirinha pela primeira vez, fiquei "Uau! Que livro! Como sou amada, quantos ensinamentos para colocar em prática, quantos exemplos de pessoas simples que fizeram a diferença no mundo... Eu preciso ler tudo de novo!" E foi assim. Estou terminando a quarta leitura de capa a capa.


2. Houve um momento em que você percebeu que seu destino era ser escritor?

Eu gosto de muitas coisas ao mesmo tempo, desde pequena. Então ao mesmo tempo em que eu gostava de desenhar personagens, gostava de estudar História por amor, de escrever ficção para o meu entretenimento... mas quando entrei na faculdade fui percebendo que de todas as atividades que eu fazia escrever histórias superava qualquer uma delas. Quando você escreve parece libertar o mundo que está preso em sua cabeça. A sensação é indescritível.

Hoje continuo fazendo várias coisas, sou formada em Design e curso Arquitetura, mas eu não consigo me enxergar sem a escrita, é um pedaço muito importante na minha vida.


3. Há alguma atividade cotidiana que pode ter levado você a querer contar histórias? Qual/quais?

Escutar as pessoas, participar da vida de alguém emprestando o ouvido. Eu nunca fui boa em dar conselhos falando, mas sempre me procuravam para conversar porque sei ouvir e dar apoio. Acho que a escrita foi a forma que encontrei de aconselhar, pois todos os meus livros têm essa característica de passar aquilo que eu acredito. Eu me expresso melhor pela escrita do que oralmente; escrever aumenta o volume da minha voz para o mundo e me faz aconselhar pessoas que eu nunca verei pessoalmente.


4. Como surgem ideias para escrever um livro?

Inicialmente de um tema que já chame a minha atenção ou algo pelo qual estou passando, alguma situação, daí parece que a ideia está para chegar, mas eu ainda não sei do que se trata, é só uma sensação. Então ouço uma conversa na rua, uma situação na faculdade e BOOM! Parece que uma enxurrada de ideias para um novo livro começa a brotar em minha mente, eu fico "Meu Deus do céu! Onde eu coloquei a caneta? Eu preciso escrever esses diálogos senão vou esquecer tudo!". Isso acontece no meio da noite, no banho, na hora em que estou correndo atrasada para o ponto de ônibus, escovando os dentes... É sempre assim. Na hora em que eu menos espero.


5. No começo da sua carreira de escritor, que tipo de escrita/ livro te influenciou? E agora?

"A bolsa amarela", de Lygia Bojunga, de 1976. Foi um livro que li na infância e que até hoje releio pelo menos uma vez ao ano. É um dos meus preferidos. É um livro para adolescentes com uma linguagem muito descontraída, imaginativa e cativante. Quando me propus a escrever aventura, este livro me deu o norte do que é legal fazer, como comunicar uma mensagem clara e divertida para o público adolescente.

Hoje, por incrível que pareça, mesmo escrevendo dramas familiares para jovens, ainda me inspiro em livros infanto-juvenis. Agora o livro que norteia é "O jardim secreto", de Frances Hodgson Burnett, livro de 1911. Também é um dos meus preferidos. Nele há uma linguagem mais trabalhada nos detalhes das cenas, do amadurecimento dos personagens, dos sentimentos; tópicos que são importantes nos livros young adult que escrevo.


6. Que dicas daria para quem está começando a escrever um livro?

Vá com calma. Escrever é um processo que exige de você muito mais do que imagina. Se quiser escrever algo realmente bom, entenda que não ficará pronto em um ou dois meses. Uma história pronta não é aquela que está toda no papel, este é o primeiro degrau. O segundo degrau é bem doloroso, é quando você liga seu senso crítico e olho clínico e perpassa toda a história de novo excluindo ou modificando tudo o que não ficou bom. Se precisar, chame um amigo de confiança para ajudar. Opinião de fora é bem importante também, mas lembre que a palavra final é sua.

Daí leia tudo de novo corrigindo os erros de português. Leia tudo outra vez para reparar se os personagens estão coerentes e convincentes (já aconteceu comigo: depois de 100 páginas percebi que a personalidade de um dos meus personagens mais importantes não estava legal. Voltei ao início do segundo degrau). Deixe o texto e sua mente descansar da história por uma ou duas semanas. Leia mais uma vez, porque com certeza você vai conseguir perceber detalhes onde pode encaixar melhor uma cena, ou detalhar mais um personagem.

É legal ler seus livros favoritos e se perguntar e analisar como o autor trabalha as descrições do cenário, como são os diálogos – se cheios de ação, ou mais lentos por conta das longas descrições entre uma fala e outra –, o que você gosta e o que não gosta em algumas partes da história. Tudo serve de aprendizado.


7. Quais são os seus autores favoritos?

Lygia Bojunga, José de Alencar e Frances H. Burnett.


8. Quanto tempo demora para escrever um livro?

Um ano, ou um pouco mais. Mas esta é a minha média. Já levei cinco meses para terminar um, mas já demorei quatro anos com outro – que demandava muitas pesquisas e era longo. Por conta da graduação eu não disponho de um tempo livre maior para escrever.


9. Quais são os seus planos? Próximo projeto?

Estou escrevendo um desses livros que já passam de um ano de trabalho. Apesar do tempo dedicado a ele, das longas pesquisas, do “leia e releia”, sinto que a obra vai ser das mais primorosas que escrevi. Envolve muitos personagens, então trabalhar as personalidades de cada um não é fácil. Também há diversos desdobramentos que levam a reflexões, e isso requer de mim, como autora, maturidade para abordar os assuntos.

E sabe, demorar a escrever não é ruim, eu cresço junto com a obra. Aquilo que eu escrevi bem no iniciozinho, às vezes é modificado porque no meio do livro eu já não tenho o mesmo olhar sobre aquilo que apontei. Então a obra vai sendo lapidada e o resultado é muito satisfatório. Dá orgulho de ler.

Esta história que continuo escrevendo chama-se “Os espinhos de uma rosa” e eu pretendo termina-la este ano.


10. Gostaria de dizer algo para os leitores do blog?

Ler é uma viagem! Você descobre novos sentimentos dentro de você, se coloca no lugar de pessoas que só existem no papel, ri, chora, se entristece e vibra de alegria. Todo mundo devia experimentar sentimentos como estes que um livro pode proporcionar.

Se você já é um bom leitor, te convido a experimentar gêneros novos que nunca tenha lido, autores dos quais nunca ouviu falar, nacionais e estrangeiros, publicados por Editoras e publicados de forma independente. É um bom exercício.

Caso ainda não tenha um amor grande pela leitura, abra o coração, experimente. Um livro pode ser um grande companheiro.

Talvez tenham feito você ler na escola uma obra com linguagem difícil que não fez mais do que te dar sono, mas tente de novo. Existem tantos livros quanto fios em sua cabeça, com certeza existirá algum autor com uma linguagem que vai te pegar de jeito e te fazer passar horas fisgado na sua história. 

Bom, obrigada por ter passado esse tempinho conhecendo um pouquinho de mim. Se quiser ler as sinopses dos meus livros dê um pulinho lá no meu site. E obrigada Karine, pelo contato e oportunidade que me deu para falar do meu trabalho.



Site da autora:
priscilareisandrade.wix.com/site

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4 comentários

  1. A Pri é inspiração pura até nas entrevista. Admiro o trabalho dela e ela me inspira muito, seus livros são lindos e te prendem do começo ao fim. Parabéns pelo blog Karine e pela entrevista.

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  2. Pri, como fico feliz em ver o seu amadurecimento e tudo o que você já conquistou até agora. Parabéns, lindona!
    Beijinhos

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